domingo, 19 de maio de 2013

Valentine's Day

21:00. A campainha toca. Dou uma última olhada pra ver se está tudo em seu devido lugar. Diminuo a iluminação, deixando um clima mais agradável. Ligo o som e corro ao seu encontro. Ao abrir o portão, a visão me inebria: Ela está linda. Cabelos soltos. Perfume delicioso. Vestido preto justo. Frente única. Reparo bem quando ela entra. Adoro suas costas.
- Eu não mereço tanto…
Ela pára de um jeito que nenhuma pára, olhando por cima do ombro esquerdo e quase sussurra:
- Claro que merece.
Engulo em seco. Nos sentamos e enquanto ajeito seu cabelo pra trás da orelha e aliso seu rosto. Nos beijamos. Seu beijo é macio, quente. Ela me suga. Me prende. Tenho que me controlar pra não perder a cabeça e acelerar as coisas. Mas é difícil parar de beijá-la. Pergunto o que ela quer beber. "Vinho". Vou em busca da garrafa e das taças. Quando volto, ela está próxima do som. Entrego uma taça à ela e brindo:
- Então, feliz dia dos namorados.
- Tin tin. Acho que está na hora de dar o seu presente.
Ela toma um gole e coloca a taça num lugar qualquer da estante. Apoia as mãos em meus ombros e me faz andar de costas até que cair sentado no sofá. Ela se inclina e me beija. Se afasta um pouco e me entrega o controle do som:
- Sade?
- Sim. Sade Adu.
- Adoro a voz dela. Põe a música que você mais gosta…
Nem cabe dizer que gosto de todas as músicas dela. Aperto o botão até chegar à faixa onze. No ordinary love. Ela se afasta e faz um gesto com a mão, para eu ficar sentado, quieto. Fecha os olhos e entra no ritmo da música. Balança a cabeça, lentamente pros lados. Dançando de forma lenta e sensual. Essa mulher não existe! Fica de costas e solta o pequeno nó do vestido, atrás da nuca. Dae, fica de frente pra mim e deixa o vestido deslizar pelo corpo, ficando só de calcinha. Me brindando com aquela visão.
É difícil ficar parado. A respiração acelera. O coração vai a mil! A vontade é de avançar sobre ela o mais rápido possível. Mas sou um bom aluno, afinal foi ela quem me ensinou a esperar até a hora certa. A saborear todas essas sensações ao máximo. Não posso decepcioná-la. Até porque aprendi realmente a gostar dessa ansiedade, do desespero, da urgência de tocar naquele corpo. Ela vai até o outro sofá, se deita e estica as pernas para cima. Tira vagarosamente a última peça. Termino de beber o vinho e largo a taça no chão, enquanto ela levanta, vem em minha direção e senta de frente, no meu colo. Quase não consigo falar:
- Nossa. Estava morrendo de saudades.
- Eu também. E também senti saudade dele.
Ela desce a mão e me toca por cima da calça. Tem uma coisa tão sedutora que mesmo que fale palavrões, faz parecer poesia. Começa a tirar minha roupa, beijando todas as partes que vão ficando visíveis. Ficamos nus e abraçados, caindo no tapete da sala. Não dá pra ir pra nenhum outro lugar. Nem preciso ir. Tudo o que eu quero e preciso está ali.
Nos embolamos numa profusão de calor, vibração e entrega.
. . .
Ficamos uns dez minutos abraçados em silêncio, a respiração se normalizando aos poucos. Levanto, procuro e encho as taças de vinho. Volto até ela.
- Nossa, você foi ótimo.
- Você que é sempre maravilhosa.
- Já está ficando tarde. Infelizmente tenho que ir embora.
- E como é que ficamos?
- Olha, o normal você sabe que são duzentos, mas como é uma data especial eu vou deixar por cem…

® Postado no Blog antigo em 02.06.2004

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